A ablação das unhas, ou onicectomia, é a amputação da garra de um gato pela sua falangeta.
Mas antes de saber o que é a onicectomia, é necessário compreender a anatomia da pata de um gato.
Imagem retirada de: Guia Essencial Gatos, Bruce Fogle |
Ao contrário de muitos mamíferos, que apoiam toda a pata no solo para se deslocarem, os gatos são animais digitígrados, ou seja, apenas apoiam as falanges (dedos) no solo para se deslocarem. As suas costas, ombros, articulações, músculos, tendões e nervos são concebidos para suportar e distribuir o peso do gato quando ele anda, corre ou trepa. Os gatos usam as unhas para se equilibrarem, para se defenderem, para marcarem território, para se exercitarem, para brincarem e para distenderem os músculos das patas, ombros e costas. Ao apoiar os dedos no solo, os gatos mantêm todos estes músculos e órgãos de locomoção devidamente alinhados, o que lhes proporciona a sua forma tão graciosa e ágil de se movimentarem.
Remover a última falange dos dedos dos gatos irá alterar drasticamente a forma da pata, o que provocará que esta se apoie no solo num ângulo anormal e causará dores intensas no animal, semelhantes às causadas num humano que use sapatos com saltos demasiado altos.
A unha de um gato, ao contrário da dos humanos, faz parte do último osso da pata, a falangeta. Logo, para remover a unha de um gato, é necessário amputar toda a falangeta até à articulação, para evitar que a unha volte a crescer de uma maneira disforme, causando abcessos e deformações.
E não é apenas o osso que é amputado, é necessário também cortar o tendão, o nervo, a articulação e os vasos sanguíneos.Não se trata de uma única cirurgia de amputação, mas sim 10 dolorosas cirurgias para a ablação de cada uma das falanges dos dedos.
Imagem retirada de: http://www.theoregoncat.org/ |
A cirurgia de ablação das unhas de um gato
A remoção das garras é uma cirurgia extremamente agressiva onde a primeira falange (a ponta do dedo) de cada dedo do felino é cortada com uma turquês. É administrada anestesia geral, sem a qual a dor seria insuportável. Coloca-se um torniquete em redor da primeira pata a desgarrar, após a qual o veterinário inicia uma sequência de 5 amputações. O processo repete-se na segunda pata. Cada amputação elimina a unha e o osso, no qual esta se encontra firmemente enraizada. Secciona-se então o tendão e o ligamento que sustém cada unha, cortando-se o tecido mole e a carne que rodeiam a zona. Para fazer isso, é feito um corte no coxim (a parte carnuda) de cada dedo para se chegar até o osso, já que apenas expondo a garra não se consegue ver a articulação. Alguns “profissionais” mais preguiçosos simplesmente cortam a unha na base para evitar o corte nos coxins.
De seguida, a assistente do veterinário enfaixa a pata do gato para enxugar o sangue. O gato foi amputado. As unhas retrácteis que teria utilizado ao longo da sua vida para se coçar, brincar, trepar, caminhar e defender-se jazem agora amontoadas sobre a mesa, preparadas para irem para o lixo.
A operação de ablação das unhas nem sempre termina sem percalços. As complicações desta cirurgia podem ser dores permanentes, causadas pelos danos no nervo radial, hemorragias, ossos estilhaçados que impedem a cura e um doloroso crescimento das unhas deformadas para dentro da garra, o que nem sempre é visível, originando abcessos e deformações.
Algumas complicações requerem uma segunda anestesia e cirurgia.
Mesmo que a operação decorra ser percalços, as dores e angústia a que um gato é submetido ao despertar são atrozes.
Felizmente, a ablação das garras em felinos não é uma cirurgia muito frequente em Portugal e é proibida, de acordo com o DEC. Nº 13/93 DE 13 DE ABRIL (Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia)
Intervenções Cirúrgicas
- Nº 1, do art.º 10º – “As intervenções cirúrgicas destinadas a modificar a aparência de um animal de companhia ou para outros fins não curativos devem ser proibidas e, em especial: a) o corte da cauda; b) o corte das orelhas; c) A secção das cordas vocais; d) a ablação das unhas e dos dentes”
- Nº 2, do art.º 10º – “Apenas podem ser autorizadas excepções a estas proibições: a) Se um veterinário considerar necessária uma intervenção não curativa, quer por razões de medicina veterinária, quer no interesse de um dado animal; b) Para impedir a reprodução”.
Informação retirada de: catish.net, felinus.org e theoregoncat.org
Quem faz ablação devia fazer no seu próprio dedo primeiro para saber como é bom.
ResponderEliminarAbraços!!
Se o animal não precisa, não deve ser feita uma cirurgia dessas. Se ele é saudável não precisa de uma cirurgia desse porte por estética. Fazer um animal sentir dor só por que o dono acha mais bonito e/ou prático é crime!
ResponderEliminarAntes de criticarem tal procedimento, sugiram que reflitam que uma residência, não é o habitat natural pra um gato. Portanto, privar um felino de viver em sua natureza com liberdade é umas das maiores crueldades que se possa imaginar... Quem sugeriu que fizesse tal cirurgia com o dedo deveria viver também em um cubículo pelo resto de sua vida pra também saber o que é bom.
ResponderEliminarHipócritas !!! Defendem a integridade física do animal mas tiram toda sua liberdade.
Anónimo, criticamos o procedimento porque pode trazer contra indicações para a vida normal do felino. Repare, seria como cortar a primeira falange de cada um dos nossos dedos. Imagine-se caminhar, correr e saltar com os seus dedos dos pés deformados! Afeta a sua locomoção e equilíbrio. Concordo que os felinos pertencem à Natureza e deveriam viver em liberdade, mas o próprio ser humano condiciona a liberdade dos gatos. Um gato em liberdade passa fome, é sujeito a maus tratos, envenenamentos, atropelamentos, doenças, descriminação... Nas nossas casas têm alimento, conforto, cuidados de saúde e higiene. Cabe a cada adotante proporcionar uma vida plena ao seu companheiro felino, através de brinquedos estimulantes, companhia e desafios que façam o gato feliz e realizado. Espero que respeite a nossa opinião, tal como nós respeitamos a sua. Agradeço a visita e encontro-me ao dispor para qualquer esclarecimento. Cumprimentos.
EliminarOi Denise, sou veterinária e estou com um caso bastante complicado,pois uma gata que eu adotei ficou muito violenta quando a coloquei dentro de minha casa junto com os outros animais. Ela já me atacou três vezes e me machucou bastante... estou utilizando o Feliwey que é um hormonio ,florais e troquei a ração por uma de baixo teor de proteina, mas ate agora não surtiu nenhum resultado, e o animal continua isolado sem ter nenhum contato fisico comigo ... aí pensei em fazer a remoção das garras para que tivesse segurança em manter o animal vivo. Estou sem saber mais o que fazer!Gostaria de uma opnião. Obrigada
EliminarOi! Realmente está com um caso complicado entre mãos... A gatinha é esterilizada? Que idade tem aproximadamente? Ataca-a na presença dos outros felinos ou também quando está sozinha com ela? A minha sugestão seria tentar utilizar o Soft-Paws ou Soft-Claws, que são umas unhas de gel para gatos. Após aparar as unhas da bichana, aplica um pouco de cola própria e coloca as unhas de gel nas unhas da gata. Desta forma ela não a magoará a si nem aos outros gatos. Se pesquisar na internet poderá encontrar informação sobre este método. Experimente também colocar a bichana numa jaula durante umas horas por dia e colocá-la num local frequentado pelos outros gatos até que se habituem à presença e cheiro uns dos outros. Ao ver-se impotente perante os outros, pode ser que a gatinha acabe por perder a sua personalidade dominante. Não hesite em contactar-me, seja com dúvidas, seja com novidades sobre este assunto! Vamos esperar que resulte e a onicectomia seja evitada! Cumprimentos! =^.^=
EliminarAchei interessante, mas nunca faria no meu gatinho!
ResponderEliminarnos primeiros meses ele arranhava muito todas as pessoas, mas creio q em um gesto de querer brincar. Eu mesma estou cheia de marcas mas não me incomodo, hoje por ele está mais crescido (8 meses) não arranha mais as penas das pessoas.
Ola Denise, recentemente adotei uma gatinha branca linda, que o dono nao a quis mais, ela ja veio sem as unhas. Acho que eles fizeram tal procedimento desde que ela nasceu. Ela eh uma graca, um pouco nao diria agressiva, mas arredia, nao gosta que pegamos ela, e quando brincamos as vezes ela da aquelas mordidinhas nao sei se esta brincando ou brava.
ResponderEliminarEra que ela sente dor quando a seguramos? Mesmo conversando e acariciando, ela fica no colo, mas olha pro chao. No mais acho que ela esta comendo meio muito, dou racao a ela 3x por dia? Seria suficiente? 6h, 13h e 20hs, mas ela tem me acordado no meio da noite, e comeca a mastigar minhas flores e plasticos que ve pela casa, nao deixa ninguem dormir. Acho que ela nao engole, mas tbm nao tenho certeza. No mais, ela brinca, corre, pula, eh uma gatinha normal, acho que feliz. Se pudesse me dar alguns conselhos, pois eh a primeira vez na vida que tenho uma gatinha! bjs Maria Silvia
My two cents...
ResponderEliminarRecolhi 3 gatos da rua, deviam ter 15 dias. Enquanto eram pequenos as unhas e arranhadelas eram suportáveis e os danos nas mãos, braços e pernas eram mínimos.
Aos 6 meses, quando foram castrados, vi-me "obrigado" por motivos de saúde (minha!) a requerer ao veterinário a ablação das unhas dos pequenos. Se ele não concordasse com a operação, teria que me desfazer dos bichanos e quem iria recolher 3 gatos ao mesmo tempo??? Especialmente gatos que sempre viveram em apartamento, não estavam habituados à rua. As cirurgias correram muito bem e, quatro dias depois, já agiam como se nem tivessem sido operados - corriam, saltavam, "arranhavam"... Agora, passados 4 anos, continuam óptimos e continuo não ver qualquer diferença de comportamento em relação a outros gatos.